O dia das mães é um feriado complicado. Como qualquer outra data comemorativa, é um dia doce para algumas e amargo para outras. Para algumas, é tanto doce como amargo. Eu me lembro do sentimento de olhar para o dia das mães do lado de fora, primeiro como uma mulher solteira e após ter sofrido um aborto de nosso primeiro filho. Nossa igreja tinha uma entrada perto do berçário, chamada de “Entrada da Família”. Eu poderia usá-la? Nós éramos uma família? Finalmente, a usei mesmo assim, quase como um ato de desafio. Agora, como mãe de filhos de 4 e 6 anos de idade, consigo valorizar profundamente alguém deixar de estacionar perto desta entrada para que eu não precise atravessar uma rua movimentada com meus filhinhos. Contudo, naquela época eu estava lidando com emoções que não eram influenciadas por realidades práticas. Eu apenas queria ser uma mãe. E aquela placa na entrada da igreja me lembrava de que eu não era mãe.

Esse é um problema antigo na humanidade em geral, e no Cristianismo, em particular. Como você honra alguém que tem algo bom que você deseja? Como você aplaude os sacrifícios de alguém sem minimizar o sofrimento de outros? Eu não sei exatamente, mas acho que aqui há um princípio geral que é útil.

A maternidade não é o bem supremo para a mulher cristã. Se você é uma mãe ou não, não fique presa em um sentimentalismo que estabelece o papel de mãe como um papel santo. O bem supremo é ser conformada à imagem de Cristo. Bem, a maternidade certamente é uma das principais ferramentas de Deus em seu arsenal para esse propósito em relação às mulheres. Mas, esse não é o fim em si mesmo. Ser mãe não a torna santa. Acredite em mim. Ser mãe expõe todas as maneiras pelas quais você é uma pecadora, não uma santa. Não ser uma mãe e desejar sê-lo também o faz. Podemos desejar engravidar por muito tempo, vislumbrando a maternidade ao longe. Deus nos santifica através desse desejo. Podemos perder uma gravidez ou um filho, e lamentar pela perda da nossa maternidade. Deus nos conforma a Cristo através disso também. Podemos ter muitos filhos de várias idades, e Deus sabe o quanto ele expõe os pecados do nosso coração desse modo. Isso tudo diz respeito ao bem supremo, ou seja, ser conformada à imagem de Cristo — tomando de volta a imagem de Deus que ele nos criou para carregar por meio da graça do evangelho. E Deus usa tanto a presença como a ausência de filhos na vida das suas filhas como importante ferramenta para nos conformar a Cristo.

Mulher solteira que vê o seu relógio biológico passando, eu encorajo você a olhar hoje para os seus anseios através das lentes do evangelho. Você não precisa negar o seu desejo ou falar para si mesma que tenha uma atitude feliz em relação a todas as coisas boas que você pode fazer sem filhos. Não há problema em lamentar a falta. Deus disse que os filhos são uma bênção. Mas depois da queda, nem todas nós experimentaremos essa bênção. O evangelho faz a diferença. Ainda que você esteja profundamente decepcionada e esse desapontamento seja real, um dia você se sentará com Jesus no céu profundamente feliz com a obra dele em você através disso. No céu, você não terá desejo de algo que não teve. Você não se decepcionará. Que a confiança nessa esperança a sustente.

Mulher casada que está sofrendo pela infertilidade, eu encorajo você com palavras semelhantes. As pessoas podem ser insensíveis em suas palavras, especialmente na igreja. Mas creia com confiança que Deus, neste exato momento, a ama com um amor profundo. Você pode se sentir afastada dele, sabendo que ele tem o poder para lhe conceder aquele querido bebê que ele deu a tantas ao seu redor. Pode parecer que ele está colocando um desejo diante de você, provocando-a com isso. Mas entenda que o desejo não atendido é uma ferramenta que Deus usa para lhe dar coisas ainda melhores — coisas sobre si mesmo, as quais você não pode conhecer de maneiras fáceis. Creia com confiança que este tempo não é apenas uma espera sem propósito, mas também é uma bênção, ainda que disfarçada, pois aumenta a sua força para correr e não se cansar; caminhar e não se fatigar [Isaías 40.31]. Espere no Senhor, minha querida irmã, com confiança.

E você que é mãe e falha constantemente com seus filhos (porque estas são todas as demais mulheres), pregue o evangelho para si mesma hoje. Se você tem algum entendimento de sua realidade, você provavelmente está dolorosamente consciente de cada falha que você cometeu com seus filhos. E, talvez, você esteja cansada por temer um futuro fracasso também. Não há problemas em seus filhos exporem o seu próprio pecado. Na verdade, é a mãe que parece não estar diariamente consciente dos seus fracassos que mais me preocupa. Cristo preparou o caminho para que você esteja em paz. Se você pecou contra os seus filhos, peça perdão a eles. Se você está incomodada por suas falhas, pregue a graça de Deus para si mesma. Não aprenda a conviver com o seu pecado, não o abrace com a atitude: “é assim que eu sou”. Mas não o negue também. Seja honesta sobre o seu pecado. Você pecou. Você confessa. Deus perdoa. Você se levanta e segue adiante com confiança. Isso se chama graça do evangelho, e ESSE é o legado que você deixa aos seus filhos.

Fonte: http://voltemosaoevangelho.com/blog/

Por: Wendy Alsup. © The Gospel Coalition. Website: thegospelcoalition.org. Traduzido com permissão. Fonte: For Moms, Former Moms, and Wannabe Moms
Original: Para as que são, já foram ou desejam ser mamães. © Ministério Fiel. Website: MinisterioFiel.com.br. Todos os direitos reservados. Tradução: Camila Rebeca Teixeira. Revisão: William Teixeira.

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