Os dias não tem sido fáceis, diversas áreas e diversos profissionais diante da pandemia do coronavírus tem tendado buscar soluções para o problema que aflige o mundo. Com isso,  muitas Igrejas tem se esforçado para poder amar e cuidar das pessoas diante de um desafio de calamidade pública sem precedentes.    

Penso ser de extrema valia, que Pastores e lideranças de suas Igrejas busquem soluções para trazer Paz e Esperança à suas  comunidades. É fundamental que possam fazer tudo que está ao alcance para incentivar e alimentar espiritualmente as pessoas, mesmo quando não podemos estar juntos fisicamente. Assim sendo, a tecnologia nos oferece novas oportunidades para cuidar e pastorear as pessoas durante essa crise mundial.

A partir dessa perspectiva de pensar e ser Igreja do Senhor, surgiram alguns questionamentos quanto as ordenanças que Jesus nos deixou . Por exemplo: o Batismo e a Ceia do Senhor. Mas, mais especificamente a Ceia do Senhor.

Eu Particularmente, vejo que a Igreja nunca se fecha, que ela não está limitada as paredes de concreto e portas. Como diz em I Coríntios 12.27 – “Ora, vocês são o corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente, é membro desse corpo.” Assim, quando a Igreja se reúne em casas ou outros locais ela continua sendo Igreja. Porém, ainda assim, alguém poderá levantar à questão da quantidade de pessoas que fazem parte desse corpo para o “ajuntamento” – para a “assembleia” reunida dos Santos. Lembro-me também das palavras do Senhor Jesus em Mateus capítulo 18  – em um texto que fala sobre disciplina bíblica, ele mostra como a autoridade da Igreja e sua palavra final acaba sendo soberana nas decisões. Lá ele diz assim: “Também lhes digo, que se dois de vocês concordarem na terra em qualquer assunto sobre o qual pedirem, isso lhes será feito por meu Pai que está nos céus.
Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles”. Ora, mesmo na transmissão on line, pode ser que tenhamos dois ou mais crentes em Jesus reunidos em suas casas. No entanto, é evidente também, que nunca devemos substituir o ajuntamento presencial pelo virtual. Todavia, em tempos de Pandemia, precisamos refletir seriamente sobre o tema. Assim, em minha opinião a igreja nunca se fecha, mesmo quando nossa capacidade de reunir-se fisicamente é suspensa.

Voltando as ordenças que Jesus nos deixou, gostaria de dar uma breve palavra sobre o Batismo, embora, meu objetivo nesse texto seja a “Ceia do Senhor”. Em geral, claro que é melhor batizar com a celebração e as testemunhas da Igreja local. No entanto, no caso do Batismo, existe um precedente bíblico para exceção e flexibilidade – dependendo das circunstâncias que possamos estar vivendo. Por exemplo: em Atos 8.36-38 vemos o batismo de Felipe com o Eunuco, em que chegaram a um lugar onde havia água e o batizou. Embora, o livro de Atos seja um livro histórico e devemos tomar cuidado em tirar passagens para que seja normativo para a Igreja, vemos claramente que diante de uma situação específica, o Eunuco não deixou de ser batizado. Há também um texto interessante para lembrarmos onde Paulo reluta em vincular o batismo de alguém ao seu ministério (I Cor 1. 10–17), enfatizando o evangelho, e não o oficiante batismal. Aliás, o sacerdócio dos crentes, é um dos princípios batistas e bíblicos.

Mesmo assim, diante da atual crise, encorajamos nossa Igreja local e outros, a aguardarem o momento atual da Pandemia e seu término de isolamento. Para que então, somente com a orientação das autoridades de Saúde, o batismo nas águas daqueles que foram alcançados por Cristo seja concretizado evitando, aglomerações.  

Ceia do Senhor – apesar do Batismo ser um evento único. A Ceia do Senhor, é uma celebração contínua da Igreja, como diz o texto de I Cor 11.26 – “Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha.” Portanto, a grande pergunta é: como fazer isso, em momentos como o que estamos vivendo?

No da IBMEP estamos optando por continuar e a observar a Ceia do Senhor nesse período isolamento / quarentena. E aqui estão alguns dos fatores que nos levaram à nossa decisão como Igreja:

  1. A Ceia é um memorial – algo simbólico sobre a natureza de seu sacrifício, expiação e redenção até que ele venha.  O que quero dizer é que a Ceia deve ser celebrada em “memória” do sacrifício de Cristo, segundo os parâmetros deixados por Ele. (I Cor 11.23-30). Se o Batismo é a ordenança inicial que marca a vida cristã, a Ceia é a ordenança de continuidade que alimenta a esperança da volta de Cristo. Em outras palavras, não cremos na transubstanciação (que o pão e o vinho se transformam no corpo e sangue de cristo na hora da celebração) ou consubstanciação ( termo que indica a crença na união local das substâncias do corpo e do sangue de Cristo, com a substância do pão e do vinho.Na consubstanciação o verdadeiro corpo e sangue de Cristo se encontram presentes real e localmente em, com e sob a substância do pão e do vinho sem modificá-las). Para nós, a Ceia não é um sacramento, é um símbolo (lembrança) festivo da Graça, do que Deus fez por nós e da Ceia escatológica que o salvo celebrará no céu.  Sendo assim, em um momento singular como o da Pandemia e estando a Igreja impedida de participar da Ceia presencialmente, entendemos que mesmo assim é possível Celebrá-la.

Que Deus os abençoe!

Em Cristo – Pr Paulo Alessandro A Pereira

É Pastor da Igreja Batista Memorial de Pompeia.Casado com Raquel Leão.Formado em Marketing pela Universidade UNISA em 2003, Bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo em 2013, Pós-graduado em Teologia e interpretação bíblica em 2018, e, atualmente Pós-graduando em Aconselhamento e Capelania pela Faculdade Batista do Paraná! Mora em Pompeia / SP.

Uma resposta

  1. Muito bom!
    Momento oportuno para refletirmos o profundo sentido de ser igreja, e como o cristianismo vai bem além do que temos enxergado.
    Deus abençoe 🙂

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